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“Uma tarde de abril, logo após o almoço, meu marido me comunicou que queria me deixar.” Assim começa o romance “Dias de abandono” (2002), da aclamada e misteriosa escritora Elena Ferrante (leia também o post anterior, sobre ela), que foi lançado no Brasil pelo selo Biblioteca Azul, da Globo Livros, em 2016.
O curto romance narra, em primeira pessoa, a estória da escritora Olga, repentinamente abandonada pelo marido, Mário, depois de 15 anos de casamento. Vivendo em Turim, cidade para onde se mudou com dois filhos e o cachorro por conta da carreira profissional do marido, ela se vê agora involuntariamente tendo que lidar com suas feridas e se redescobrir.
“Quando você não sabe segurar um homem perde tudo, relatos femininos de fim de caso, o que acontece quando, plena de amor, você não é mais amada, é deixada sem nada.” – esta reflexão da protagonista é também reflexão acerca do papel das mulheres na sociedade onde uma grande parcela delas ainda abdica da sua carreira profissional em prol do casamento e do lar, abrindo mão, muitas vezes sem perceber, da sua própria identidade.
Olga descreve sua jornada minuciosamente, carregando o leitor com ela nos momentos de lucidez e nos de irracionalidade, expondo seus sentimentos de maneira franca e, por vezes, nada virtuosos.
Uma sugestão de leitura que emerge aqui é “Laços” (2014), de Domenico Starnone, lançado pela Todavia Editora. O autor é marido de Anita Raja (os dois principais suspeitos de serem Elena Ferrante). Aqui, depois de um incidente, um homem se depara com lembranças de quando abandonou esposa e os dois filhos para viver com outra mulher. Em perspectivas opostas e complementares, “lidas em diálogo, as obras garantem uma terceira experiência para os leitores”, como dito por Fabiane Secches, na Revista Cult (10 de outubro de 2017).
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