Virginia Woolf (1882-1941) foi uma romancista, ensaísta e editora inglesa. Uma das principais escritoras do modernismo. Sua vasta obra, de nove romances e outros mais de trinta trabalhos, entre contos, teatro, ensaios, a coloca entre os maiores de todo o século XX.
De uma família abastada de Londres, cresceu em meio à sociedade literária. Mas, ao contrário dos seus irmãos, foi educada em casa, sem acesso à educação formal. Leitora compulsiva, aos 18 anos começou a escrever profissionalmente.
Seguindo os passos do seu irmão Thoby, em 1910 entrou para o grupo intelectual Bloomsbury, que reunia informalmente artistas e intelectuais britânicos que deixaram um legado por suas obras e ideais que exerceu forte influência sobre a literatura, questões sociais e até sobre a economia da época. Foi lá que conheceu seu marido, Leonard Woolf. Famosos também pela sua liberalidade sexual, muitos foram os casos entre os participantes do grupo, sendo o mais famoso, o caso de Virginia com a, também casada, poetisa Vita Sackville-West – relacionamento retratado no filme “Vita & Virginia” (2018), dirigido por Chanya Button.
Em 1915, publicou sua primeira obra, “A Viagem”, que havia começado a escrever em 1907 e queimado sete versões até satisfazer seu nível de exigência. “Imagine acordar e descobrir que se é uma fraude. Esse horror era parte da minha loucura”. Mas as críticas foram favoráveis. Em 1917, junto com o marido, fundou a editora Hogarth Press, que funcionava na sala de casa, mas, mesmo sendo um hobby para o casal, projetou grandes escritores, como Katherine Mansfield e T.S. Eliot, além de Sigmund Freud. O manuscrito de “Ulysses”, de James Joyce, foi recusado, embora tivessem gostado dos episódios que haviam lido, “porque levaria dois anos na sua impressora manual”, já que era à mão que imprimiam seus livros.
Por meio de sua obra, ela críticava a sociedade patriarcal britânica do período vitoriano e a dificuldade de acesso à educação enfrentada pelas mulheres. Ela apontava exatamente a educação como o caminho para a mudança desse cenário.
“O quarto de Jacob” (1922) é seu terceiro romance e o primeiro publicado pela editora do casal. Considerado notável, mas pouco convencional pela crítica da época, o romance experimental se concentra nas impressões de outros personagens sobre o protagonista Jacob Flanders.
“Mrs. Dalloway” (1925), narra um dia na vida da socialite inglesa Clarissa Dalloway, em que ela prepara uma recepção em sua casa. Nesta obra se destaca, o que talvez seja a maior marca da sua literatura, o uso do fluxo de consciência, em que os pensamentos e impressões da personagem se misturam à narrativa que, assim, segue uma trajetória fluida e não-linear. Marcel Proust, James Joyce, Samuel Beckett, William Faulkner, Guimarães Rosa, Hilda Hilst e Clarice Lispector são alguns dos principais exemplos de autores que também usaram extensivamente a técnica em suas obras.
Seu romance “Ao farol” (1927), é um marco. Num enredo ambientado na casa de veraneio da família Ramsay, na Ilha de Skye, e com uma visita ao farol, as ações cedem o protagonismo para a introspecção, pras emoções e pras relações interpessoais, a perda e a subjetividade do tempo são os temas explorados pela autora.
“Orlando: uma biografia”, seu romance mais popular, publicado em 1928, é uma paródia histórica e semi-biográfica baseada em sua amante Vita. O livro acompanha os mais de 300 anos de vida do personagem principal expõe questões de ambiguidade da identidade de gênero.
Segundo ela “uma mulher deve ter dinheiro e um teto todo seu, se ela quiser escrever ficção”. “Um teto todo seu” (1929), é um ensaio cujo tema principal são as mulheres na literatura, em que ela mostra como não eram tratadas com seriedade no mercado editorial e na maneira como eram retratadas nas personagens pelos escritores homens em seus livros. Temas como neuroses, feminismo e homossexualidade também foram marcas do seu trabalho.
CINEMA
O filme “As horas”, um drama de 2002, dirigido por Stephen Daldry, tem como base o livro homônimo de Michael Cunningham (Prêmio Pulitzer de Ficção 1999). A vida de três mulheres de diferentes gerações se entrelaça em torno do livro “Mrs. Dalloway”: Clarissa Vaughn, uma editora, interpretada por Meryl Streep; Laura Brown, uma dona de casa grávida, Julianne Moore; e a própria Virginia Woolf, na época em tentava escrever seu livro “Mrs. Dalloway” e lutava contra a depressão – papel que valeu à Nicole Kidman o Oscar de Melhor Atriz.
Em 1931, publica “As Ondas”, seu sexto romance, rivaliza com “Ao farol” como suas obras-primas. Foi traduzido para o francês por Marguerite Yourcenar que colocou Virginia Woolf “entre os quatro ou cinco grandes virtuosos do idioma inglês e entre os raros romancistas contemporâneos cujas obras têm alguma chance de sobreviver mais que dez anos”.
Durante quase toda a vida Virginia enfrentou sérios problemas psiquiátricos e já tendo tentado o suicídio algumas vezes, sendo a primeira após a morte de seu pai, em 1904. Em 1941, teve sua casa bombardeada durante a Segunda Guerra Mundial, afetando seu processo criativo e agravando decisivamente seu quadro depressivo. Enchendo os bolsos de pedras “tentou curar sua loucura” cometendo suicídio se afogando num rio próximo à sua casa.
Gostou do post? Deixe seu comentário e siga-nos nas redes sociais para ter acesso a conteúdos exclusivos!
Mariana, parabéns pelo trabalho maravilho incentivando a leitura e a cultura.
Esse não é um trabalho (apesar de ser trabalhoso ás vezes) é um prazer. Incentivar o gosto pela leitura é plantar uma semente com a certeza de que dará bons frutos. Espero que a leitura tenha o poder que merece no mundo.
Muito interessante!