Ismália

por | 02/05/2018 | Poesias | 0 Comentários

Autor(es): Alphonsus de Guimaraens

Lançamento: 1923
o livro aberto em forma de sanfona com a luva em destaque na frente e, ao fundo, um relógio antigo

Ilustração: aquarela de Odilon Moraes, para a edição de Ismália da Cosac e Naify. Foto: Acervo Recanto da Literatura

Eu não sei dizer se esse livro é um livro de poesia maravilhoso ou se é um livro de arte maravilhoso. Mas eu não tenho dúvidas de que é um dos livros mais lindos que eu tenho.

Esse poema “Ismália”, de Alphonsus de Guimaraens (1923, publicado postumamente) é de uma intensidade muito grande e as ilustrações de Odilon Moraes, nesta edição da Cosac Naify, formam um conjunto que é uma verdadeira obra-de-arte.

 

Ismália

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar…
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar…
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar…

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar…
Estava perto do céu,
Estava longe do mar…

E como um anjo pendeu
As asas para voar…
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar…

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par…
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar…

Este poema teve três versões anteriores (duas em 1910 e 1915). Nas duas primeiras, Ismália era Ofélia.

Alphonsus de Guimaraens
(1870-1921)

Mineiro de Ouro Preto, foi um dos principais representantes do movimento simbolista brasileiro. Seus trabalhos, principalmente poéticos, foram marcados pela espiritualidade e tema da morte da mulher amada.

 

 

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Mariana Gago

Advogada e entusiasta do papel transformador dos livros. Idealizadora e editora do projeto Recanto da Literatura.

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