O Corvo

por | 13/05/2018 | Poesias | 0 Comentários

Autor(es): Edgar Allan Poe

Lançamento: 1845

Trouxe pra vocês aqui a primeira estrofe dessa obra-prima, feita por um gênio, Edgar Allan Poe – na versão original, em inglês, e as traduções para o português feitas por outros dois: Machado de Assis e de Fernando Pessoa. É só pra dar o gostinho…

xilogravura de dois corvos

Reprodução parcial da Ilustração de Ramon Rodrigues, em xilogravura, para o livro Edgar Allan Poe – Medo Clássico, da DarkSide Books

 

The Raven (Edgar Allan Poe, 1845)

Once upon a midnight dreary, while I pondered, weak and weary,
Over many a quaint and curious volume of forgotten lore —
While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping,
As of some one gently rapping, rapping at my chamber door.
“’Tis some visitor,” I muttered, “tapping at my chamber door —
                                        Only this and nothing more.”

Ah, distinctly I remember it was in the bleak December,
And each separate dying ember wrought its ghost upon the floor.
Eagerly I wished the morrow; vainly I had sought to borrow
From my book surcease of sorrow – sorrow for the lost Lenore,
For the rare and radiant maiden whom the angels name Lenore
                                        Nameless here for evermore.

 

O Corvo (tradução Machado de Assis, 1883)

Em certo dia, à hora, à hora
Da meia-noite que apavora,
Eu, caindo de sono e exausto de fadiga,
Ao pé de muita lauda antiga,
De uma velha doutrina, agora morta,
Ia pensando, quando ouvi à porta
Do meu quarto um soar devagarinho,
E disse estas palavras tais:
“É alguém que me bate à porta de mansinho;
Há de ser isso e nada mais.”

Ah! bem me lembro! bem me lembro!
Era no glacial dezembro;
Cada brasa do lar sobre o chão refletia
A sua última agonia.
Eu, ansioso pelo sol, buscava
Sacar daqueles livros que estudava
Repouso (em vão!) à dor esmagadora
Destas saudades imortais
Pela que ora nos céus anjos chamam Lenora.
E que ninguém chamará mais.

 

O Corvo (tradução Fernando Pessoa, 1924)

Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais.
“Uma visita”, eu me disse, “está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais.”

Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu’ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P’ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais –
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!

 

Para quem tiver curiosidade, vale a pena pesquisar outros grandes nomes da literatura que também já traduziram este poema para outros idiomas, como Charles Baudelaire (“Le Corbeau”, 1856), para o francês, e Julio Cortázar (“El cuervo”, 1956), para o espanhol.

 

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Mariana Gago

Advogada e entusiasta do papel transformador dos livros. Idealizadora e editora do projeto Recanto da Literatura.

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