“Cem Sonetos de Amor” (1959), de Pablo Neruda, é certamente um dos seus maiores legados. Foi dedicado à sua terceira esposa e musa, Mathilde Urratia, com quem viveu até seus últimos dias. O amor é o tema central e é explorado em toda a sua amplitude de significados que se fundem com os inúmeros elementos da natureza.
Da primeira vez que li, li de uma só vez. Mas minha experiência foi de êxtase até certo ponto, mas de cansaço do meio para o fim. Depois eu passei a reler aos poucos – um ou dois sonetos. Minha recomendação é que seja feito assim. Aos poucos. O prazer da leitura é bem maior e sempre me causa enorme satisfação. Leve na bolsa, tenha-o na cabeceira…
Os cem sonetos dividem-se em 4 sessões: Manhã, Meio-dia, Tarde e Noite.
Soneto XLIV
Sabrás que no te amo y que te amo
puesto que de dos modos es la vida,
la palabra es un ala del silencio,
el fuego tiene una mitad de frío.
Yo te amo para comenzar a amarte,
para recomenzar el infinito
y para no dejar de amarte nunca:
por eso no te amo todavía.
Te amo y no te amo como si tuviera
en mis manos las llaves de la dicha
y un incierto destino desdichado.
Mi amor tiene dos vidas para armarte.
Por eso te amo cuando no te amo
y por eso te amo cuando te amo.
Soneto XLIV (Meio-dia)
Saberás que não te amo e que te amo
posto que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem uma metade de frio.
Eu te amo para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.
Te amo e não te amo como se tivesse
em minhas mãos as chaves da fortuna
e um incerto destino desafortunado.
Meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo e por isso te amo quando te amo.
Tradução: Maria Teresa Almeida Pina, que tem um belo blog de poesia latina. Vale a visita.
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