Resenha da amiga Luciana Morais @minhaestantemagica
Em Misto-quente, somos apresentados à infância e adolescência de Henry Chinaski, alterego do próprio Bukowski. Viver nos Estados Unidos durante a recessão, originada pela quebra da bolsa de Nova York em 1929, não era tarefa fácil. E, como não poderia ser diferente, a família de Henry foi diretamente afetada. Seu pai, ex-militar, não conseguia um emprego decente e morria de vergonha dos vizinhos. Extremamente violento com a família, batia muito no filho sem motivo. Já sua mãe, era bastante omissa e obedecia ao marido sem contestar. Henry passou a adolescência sofrendo com o doloroso tratamento para tentar amenizar as inúmeras espinhas que nasciam em todo corpo. Achava-se muito feio e não conseguia namorar. Sarcástico como poucos, conheceu o álcool e aprimorou sua capacidade de não se importar com nada, nem ninguém.
“A bebida era a única coisa que impedia um homem de se sentir para sempre atordoado e inútil. Todo o resto ia furando e furando sua carne, arrancando seus pedaços. E nada tinha o menor interesse, nada. As pessoas eram limitadas e cuidadosas, todas iguais. E eu teria que viver com esses fodidos pelo resto da minha vida, pensei. Deus, todos eles tinham cus e órgãos sexuais e bocas e sovacos. Cagavam e tagarelavam, e todos eram tão inertes quanto esterco de cavalo. As garotas pareciam legais a certa distância, o sol resplandecendo em seus vestidos, em seus cabelos. Mas vá se aproximar e ouvir seus pensamentos escorrendo boca afora, você vai sentir vontade de cavar um buraco ao sopé de uma colina e se entrincheirar com uma metralhadora. Eu certamente nunca conseguiria ser feliz, me casar, nunca teria filhos. Inferno, eu nem mesmo conseguia um emprego como lavador de pratos”.
Bem vindos a excitante vida de Henry Chinaski, ou seria de Charles Bukowski?
Curiosidade: Bukowski é alemão, mas se mudou com a família para os Estados Unidos quando tinha três anos. Cresceu em Los Angeles, Califórnia. Se dedicou a poesia, ao romance e ao conto. Foi elogiado pelo filósofo francês Jean-Paul Sartre que o considerava o melhor poeta da América.
Minha avaliação: 5🌟
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