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A obra “Os Sertões” (1902), de Euclides da Cunha, é um marco pré-modernista da literatura brasileira.
O tema principal da obra é a sangrenta Guerra de Canudos, que o autor acompanhou de perto durante algumas semanas na fase final do conflito, enviado como correspondente pelo jornal O Estado de São Paulo (foi embora 4 dias antes do fim).
Sua narrativa romanceou sociologia, filosofia, história, geografia, geologia e antropologia e, como pano de fundo, traçou um panorama do Brasil no fim do século XIX, com destaque para a epopeia da vida sertaneja em sua luta diária contra a paisagem e a incompreensão das elites.
Na obra fica clara a ideia do determinismo que via o homem como um produto de três fatores: meio ambiente, raça e momento histórico. Esse pensamento, reinante na época mesmo nas classes científicas, e sua relação com o racismo é um tema controverso até hoje.
A obra é dividida em: A Terra (ambiente), O Homem (raça) e A Luta (momento histórico):
A Terra apresenta minuciosamente detalhadas as características geológicas e geográficas do lugar: o solo, o clima, a vegetação etc.
O Homem destaca os aspectos sociológicos e antropológicos do lugar, a relação do homem com o meio, sua etnologia, seu comportamento, crenças e costumes, e depois foca em Antônio Conselheiro, o líder de Canudos.
A Luta relata as quatro expedições a Canudos, retratando minuciosamente o movimento das tropas que tinham por objetivo debelar uma revolução que suspeitava-se ser “monarquista”, culminando num massacre violento onde os derradeiros defensores do arraial foram um velho, dois adultos e uma criança.
Na narrativa ocorre muitas vezes a mistura de termos de alta erudição tecno-científica com regionalismos populares e neologismos do próprio autor.
Impressionado pela leitura de “Os Sertões”, Mario Vargas Llosa escreveu “A Guerra do Fim do Mundo” (1981), romanceando o mesmo evento com base em arquivos históricos e visitas ao sertão baiano.
Nas fotos, o exemplar que li, da Abril Coleções, e depois uma edição comemorativa lindíssima da Ubu Editora, em coedição com o SESC, que traz a reprodução de diversos itens de valor histórico.
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