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“Vozes de Tchernóbil – a história oral do desastre nuclear” (1997), lançado aqui pela Companhia das Letras em 2016, foi escrito pela bielorrussa Svetlana Aleksiévitch, ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura, em 2015.
“Mostre-me um romance de fantasia sobre Tchernóbil – não existe um! Porque a realidade é mais fantástica”, constata Svetlana. “Tchernóbil explodiu toda a nossa visão de mundo, minou as próprias bases do sistema soviético”.
Em 26 de abril de 1986, uma explosão seguida de incêndio em um dos reatores da usina nuclear de Tchernóbil, na Ucrânia provocou uma devastação. Pessoas, animais e plantas, expostos à radiação liberada pelo vazamento da usina, padeceram imediatamente ou nas semanas seguintes. Até hoje as marcas da tragédia são visíveis.
A escritora levou mais de dez anos para escrever a obra, entrevistando pessoas que testemunharam os fatos, que haviam sido abaladas pela experiência, gerando mais de 10 mil páginas de transcrição. E a maneira de colocar essas vozes no papel, numa mistura de jornalismo e literatura, dá origem a um novo gênero literário e muda a maneira como o leitor vive a história.
Alguns trechos desse livro sensível e impactante, que vale a pena ser lido:
“Fui proibida de abraçar, de acariciar o meu marido…”
“Um mundo tão… tão familiar. O meu primeiro pensamento foi que tudo estava no lugar, tudo era como antes. […] À tardinha, observei os pastores conduzindo o rebanho cansado ao rio; as vacas, ao se aproximarem da água, imediatamente retrocediam. De algum modo intuíam o perigo. […] A morte se escondia por toda parte, mas era um tipo diferente de morte, com uma nova máscara. Com aspecto falso.”
“Senhora, dentro de instantes nós vamos queimar e enterrar tudo. Saia!”
Na porta está escrito: ‘Caro passante, não procure objetos de valor. Eles não existem e nós nunca os tivemos. Use tudo, mas não destrua. Nós voltaremos.’”
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